29 outubro 2008

Você já riu hoje?


Me convenço.
Assim como antes tentei
Mais uma vez,
Agora,
Me convenço.
As minhas ideias,
Os meus planos,
As minhas derrotas,
Vejo!
A perfeição...
Não
Existe.
Olho-a de frente!
E a vejo tão longe...
Tão
Inalcançável

Zombando de mim

.


Débora Gil.

27 outubro 2008

Salvador Dalí

"A diferença entre as lembranças falsas e verdadeiras é a mesma das jóias: as falsas sempre aparentam ser as mais reais, as mais brilhantes."

Escritor, leitor e leitor/escritor.

Quem escreve
Escreve para si
Para alguém
Para mim
E você
Que a pouco sentia
Já se foi
Passou

Quem escreve
Procura sempre mais
Diferenças
O mesmo
Ah, o mesmo do mesmo.

Já quem lê
Não precisa entender
Entende o que quer
E o que não quer
O que acha que entende

Tanto faz
Mas nem sempre.



Débora Gil.

22 outubro 2008

Papel, caneta e anestesia.

As palavras
De tão profundas
Abandonou-me... A dor
Para descansar.

Encontro-me
Sem voz
Nem punho.

-

Há algo a dizer
Há sempre mais
Algo a dizer
Mas por quê?
Eu não quero ouvir!
Mas quero que fale
Mas quero que fale
Que o mundo não acabou.



Débora Gil.

19 outubro 2008

Para uma querida amiga.

Nós poderíamos ser um
Para cada dia da semana
E ser um.
Ser segunda, terça, quarta...
Mas ser um.
E pensando bem...
Qual graça teria
Ser apenas... um
Enquanto podemos nos disfarçar de vários de nós mesmos?



Débora Gil.

O Sono.

Acordo
Traído
Sufocado
Mas acordo.
E sem sentir verdade -
Nem ao menos em seu próprio lençol
que quase nem a faz sentir-se protegida do frio -
Acordo
Traído
Sufocado
Sem nome.

Cedo demais...



Débora Gil.

18 outubro 2008

Angústia.

Ela respirou...
Tomou do ar, sua coragem
Encontrou de lugar nenhum.

-

É incrível o poder que as coisas possuem. Falo de palavras, de gestos. Também do fingir sentir, fingir estar, dizer ser. É simplesmente incrível o poder que os seres humanos possuem uns sobre os outros. O problema é que eles não se tocam que ao fingir para os outros, estão enganando a si mesmos. E ohh, como isso me parece clichê... Mas nesse momento me parece ser a mais pura verdade.

VERDADE?! - Assustou-se?! Alguém ouviu essa palavra aqui? É algo usado tão em vão. Tão em vão... em vão... não. É algo de que nem se lembra mais, o significado.

Ohh, meu Deus!
Como eu queria ser como eles... e como me odeio por não ser.
Como eu queria fingir, enganar, dizer ser quem não sou.
Mas a mim só me resta o nada que está refletido no coração dessas pessoas...

As garrafas vazias, os cigarros acesos... para esconder depois.
Tudo para esconder. Tudo para ser mais bonito... Mais fingido...

E como eu me odeio por não ser como eles.
Como eu me odeio.



Débora Gil.

16 outubro 2008

Despedidas.

Socialmente, despediam-se.
Sem perceber que o cheiro ficaria grudado na pele de outrem.
Correu para casa como quem corre do medo.
Lava-se, lava-se, o cheiro,
Mas não passa...
Mas não passa...

Simplesmente a grudar

Percebi
Era eu.



Débora Gil.

15 outubro 2008

Na Natureza Selvagem.

"Happyness only real when shared."

13 outubro 2008

Augusto dos Anjos - NOIVADO

Os namorados ternos suspiravam,
Quando há de ser o venturoso dia?!
Quando há de ser?! O noivo então dizia
E a noiva e ambos d'amores s'embriagavam.

E a mesma frase o noivo repetia;
Fora no campo pássaros trinavam.
Quando há de ser?! E os pássaros falavam,
Há de chegar, a brisa respondia.

Vinha rompendo a aurora majestosa,
Dos rouxinóis ao sonoroso harpejo
E a luz do sol vibrava esplendorosa.

Chegara enfim o dia desejado,
Ambos unidos, soluçara um beijo,
Era o supremo beijo de noivado!

12 outubro 2008

O Princípio.

Estávamos ali, nós. Submersos pelas nossas desavenças. Submersos. Enchidos de nós mesmos. Não era a toa que dizia para não entregar-te a tal ponto. Nós. Parece-me. Nunca estivemos no mesmo lugar. Nos mesmos lugares. Odiando sempre quando ali estavas a viciar-te. Puxando da pele do mais fraco, o vicio imundo que te consumia. Exagero. Exagero, pois bem, exagero. Mas não parecia ser quando me dissestes do que sentias falta. E o que sentias, não era de mim. E eu estive contigo esse tempo todo por também achar que não era de ti. E te “tirei”, arranquei-a. Isso se não fingistes o tempo inteiro. Eu estava tão alucinada... Tão alucinada... Mas você sempre a cobrar outras alucinações.

Passou-se, passou-se o tempo enfim... Pondo um fim a minha agonia e ao que me parecias que tu achavas minha ignorância.

Éramos... Bom... Éramos como uma magia, ou uma força que nos fazia direcionar apenas para o caminho que estaríamos ali. Aparentemente no mesmo canto. Na mesma melodia... E nada aconteceria de tão ruim para vir a findar tudo.

Passou-se, passou-se o tempo enfim... Pondo um fim aquela magia que sempre estava presente em nossas peles quando nos aproximávamos, quando nos víamos.



Débora Gil.